Hoje vamos divagar não com os olhos para além do horizonte, mas com eles
virados para o chão, para apreciarmos a beleza e arte da calçada
portuguesa.
Com cubos de pedras pretas e brancas se vai fazendo arte no chão.
Pássaros, peixes, flores, ou diferentes ondulados, muitos são os motivos
artísticos que adornam e embelezam as praças, parques, passeios e
outras áreas públicas.
Foto: Luis Ponte
Foto: Fernando Fidalgo
Os mestres calceteiros debruçados sobre o chão, vão com o seu martelo
calcetando os espaços preparados com pedras de formato irregular,
geralmente de calcário e basalto, formando padrões decorativos pelo
contraste entre as pedras de distintas cores. As cores mais tradicionais
são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o
vermelho. Em certas regiões brasileiras, porém, é possível encontrar
pedras em azul e verde.
Fotos: calcadaportuguesa-roc2c.blogspot
No Brasil a sua aplicação pode ser apreciada em projectos como o do
calçadão da Praia de Copacabana (uma obra de Roberto Burle Marx) ou nos
espaços da antiga Avenida Central, ambos no Rio de Janeiro.
São as cartas régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de Maio de 1500,
assinadas pelo rei D. Manuel I, que marcam o início do calcetamento das
ruas de Lisboa, mais notavelmente o da Rua Nova dos Mercadores (antes
Rua Nova dos Ferros).
Foto: calcadaportuguesa-roc2c.blogspot
Nessa época, foi determinado que o material a utilizar deveria ser o
granito da região do Porto, que, pelo transporte implicado, tornou a
obra muito dispendiosa.
O terramoto de 1755, a consequente destruição e reconstrução da cidade
lisboeta, em moldes racionais mas de custos contidos, tornou a calçada
algo improvável à época.
Foto: calcadaportuguesa-roc2c.blogspot
Em 1842 foi feita em Lisboa uma calçada calcária, já muito próxima da
que hoje conhecemos. O trabalho foi realizado por presidiários (chamados
"grilhetas" na época), a pedido do Governador de armas do Castelo de
São Jorge, o tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho
utilizado nesse pavimento foi de um traçado simples (tipo zig-zag).
Após posteriormente concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus
homens pavimentassem toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais
conhecidas e mais centrais de Lisboa, numa extensão de 8 712 m².
A calçada portuguesa rapidamente se espalhou por todo o país e colónias,
subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o
sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade,
originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais.
Fotos: calcadaportuguesa-roc2c.blogspot
Em 1986, foi criada uma escola para calceteiros (a Escola de Calceteiros
da Câmara Municipal de Lisboa), situada na Quinta Conde dos Arcos.
Da autoria de Sérgio Stichini, em Dezembro de 2006, foi inaugurado o
monumento ao calceteiro, na Rua da Vitória (baixa Pombalina), em frente à
igreja de São Nicolau.
Esta arte é uma herança histórica e ultrapassou fronteiras, sendo
solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar
estes trabalhos no estrangeiro. A calçada portuguesa espalhou-se por
todo o Mundo.
Fontes e Fotos: Wikipedia; http://calcadaportuguesa-roc2c.blogspot.co.uk/; http://www.cm-lisboa.pt/; http://ceuco-portugal.com/; outros
"A arte vence a monotonia das coisas assim como a esperança vence a monotonia dos dias." (Gilbert Keith Chesterton)
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“Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.” Johann Goethe
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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).