Os leques fazem parte da história e contam as histórias das culturas e dos indivíduos que os usaram.
Foram utilizados na moda, religião, batalhas, ou cerimónias. Eles são Arte, cultura, geografia e história, na mão de cada um.
O leque, é um objeto usado ao longo
das grandes civilizações como o Egito, Assíria, Pérsia, Índia, China,
Grécia e Roma, tendo sido utilizado como símbolo de poder, luxo e
elegância.
Podem ser fabricados de diferente
materiais e técnicas como o marfim, a madrepérola, o bamboo, a seda, a
tartaruga, as madeiras perfumadas, as plumas, os tecidos e os papeis
pintados em litografia aquarelada.
Contêm cenas de género galante, mitológicas, paisagens, flores, locais e muitas vezes retratam momentos históricos.
A armação do leque apresenta duas
partes, uma interna e outra externa e é formada de varetas, sendo que as
externas tem o nome de varetas mestras, e a da frente, a principal. As
varetas mestras são geralmente mais ornamentadas do que as simples, em
muitas vezes apresentam as iniciais da dona do leque. No "leque
indiscreto", eram colocados pequenos espelhos que permitiam as damas ver
a movimentação ao seu redor, sem serem vistas. A "folha" é a parte mais
decorada do leque que podia ser feita com pinturas sobre tecido, papel,
pergaminho, rendas, seda, etc, sendo geralmente ornamentadas com
pinturas ou bordados com lantejoulas metálicas ou mesmo com fios de ouro
ou prata.
Os leques mais antigos não podiam ser
fechados e eram movidos pelos escravos, para refrescar os seus amos e
resguardá-los dos raios solares. O uso cerimonial de tais leques remonta
ao antigo Egito, e um exemplar foi encontrado no tumúlo de Tutankhamon.
Os primeiros leques chineses
conhecidos são do II século aC. Os leques faziam parte do status social
do povo chinês e eram reservados para os membros da corte real, só na
dinastia Han (206 aC - 220 dC) é que eles se tornaram amplamente
disponíveis entre a população geral. Os leques tornaram-se tão populares
que na dinastia Jin (317-420 dC), o imperador proibiu de serem feitos
de seda pois a quantidade manufaturada era tão alta que a produção de
seda não conseguiria manter-se.
Durante a dinastia Song, artistas famosos, foram muitas vezes contratados para pintar imagens na superfície dos leques.
Os leques eram utilizados por homens e
mulheres até a dinastia Ming, altura em que passaram a ser
identificados como um acessório de moda feminino. Hangzhou era o
principal centro de produção de leques.
No oriente os leques são muito utilizados nas danças típicas e geralmente são feitos de bambu com folha de papel ou pergaminhos.
No oriente os leques são muito utilizados nas danças típicas e geralmente são feitos de bambu com folha de papel ou pergaminhos.
Foi o Japão que inventou os leques
dobrados tendo estes sido posteriormente levados para a China. No Japão
os leques são oferecidos em ocasiões especiais, simbolizando amizade,
respeito e boa vontade e são também um suporte importante na dança
japonesa.
Os samurais no Japão utilizaram leques
projetados para uso em guerra. Havia vários tipos de leques de guerra
variando em tamanho, materiais, forma e uso. Uma das utilizações mais
significativas era como dispositivo de sinalização.
As culturas asiáticas são
particularmente conhecidas pelo uso deste acessório funcional. Os leques
são utilizados tanto para resfriar o rosto como elemento decorativo.
Em Chiang Mai no norte da Tailância são manufaturados lindissimos leques, que são tradicionalmente decorados com paisagens e imagens muito coloridas.
Em Chiang Mai no norte da Tailância são manufaturados lindissimos leques, que são tradicionalmente decorados com paisagens e imagens muito coloridas.
Na Grécia antiga os leques foram
usados pelo menos desde oséculo IV aC, como o comprovam achados em
ruínas arqueológicas e textos antigos, sendo conhecidos sob o nome
rhipis.
O mais antigo leque cristão na Europa foi o flabellum (ou leque cerimonial), que data do século VI. Eram leques grandes de penas de avestruz usados nos cortejos papais. Durante a Idade Média o seu uso desapareceu na Europa ocidental, mas continuou nas Igrejas ortodoxas orientais e etíopes.
Foram reintroduzidos na Europa durante
os séculos XIII e XIV provenientes do Oriente através das Cruzadas.
Porém foi apenas no século XVI, quando os portugueses trouxeram os
primeiros exemplares das suas colónias da Ásia, que se iniciou de fato a
moda do seu uso na Europa.
A partir do século XVII tornaram-se um
complemento indispensável à vaidade feminina, tornando um acessório de
moda indispensável e um símbolo de status, invadindo salões e
despertando paixões.
Desde meados do século XVIII, a França
foi a principal fabricante de leques e adereços de luxo. Com o desgaste
ocasionado pela Revolução Francesa na produção deste tipo de produto,
entram no mercado, importados pela Inglaterra, os leques orientais.
Estes eram confeccionados em charão,
sândalo ou marfim e traziam geralmente estampas de caráter bucólico e
cenas de vida cotidiana. Após a ascensão de Napoleão Bonaparte ao trono
francês, a vida na corte toma outros rumos e a produção dos artefatos de
luxo revigora-se.
Neste período os leques, bem como a
moda por completo, inspiram-se nos ideais clássicos, com cenas de faunos
e bacantes, e nos modelos napoleônicos.
• Madame de Stäel, uma dama da
sociedade francesa, disse certa vez que “Há tantos modos de se servir de
um leque que se pode distinguir, logo à primeira vista, uma princesa de
uma condessa, uma marquesa de uma routurière (tipo de plebeia). Aliás,
uma dama sem leque é como um nobre sem espada.”
No contexto de luxo e sedução do
século XIX surge a "Linguagem do Leque". Esta era um complicado sistema
de posições e gesticulações que possibilitavam as damas comunicar e
flertar, muito discretamente.
• Abrir todo o leque: espere por mim.
• Segurar o leque na mão direita e em frente à face: siga-me.
• Abrir todo o leque: espere por mim.
• Tocar o leque na face direita: sim.
• Tocar o leque na face esquerda: não.
A Espanha tem sido uma grande
promotora de leques cheios de cor, com cenas do seu folclore, das
touradas, com lindas flores, mulheres espanholas dançando as suas
tipicas danças com mantilhas e com leques (abanicos).
Os leques dobráveis entraram em Espanha no século XVI. No século XVIII havia em Madrid muitos criadores conhecidos de leques, mas destacava-se o francês Eugenio Prost. Este tinha chegado a Espanha sob a proteção do conde de Floridablanca. Durante este período, Valencia foi reconhecida como o principal centro de produção de leques.
Com o passar dos séculos, os leques
outrora utilizados por faraós, samurais e damas da sociedade foi caindo
em desuso, mas penso que ainda tem algumas seguidoras, como eu, por
exemplo, que gosto deles pela sua funcionalidade de nos arrefecer quando
está calor e por serem arte em forma de elegância, charme e beleza.
Fontes e Fotos: Wikipedia; http://www.handfanmuseum.com/exhibits-chinese.html; http://www.lands-faraway.com/fans-collector.htm; http://www.asie-art-deco.com/; http://www.allhandfans.com/; outros
Sem comentários:
Enviar um comentário
“Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.” Johann Goethe
Obrigado pela sua visita.
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).