24/10/2017

O charme e a beleza dos LEQUES





Os leques fazem parte da história e contam as histórias das culturas e dos indivíduos que os usaram.




Foram utilizados na moda, religião, batalhas, ou cerimónias. Eles são Arte, cultura, geografia e história, na mão de cada um.




O leque, é um objeto usado ao longo das grandes civilizações como o Egito, Assíria, Pérsia, Índia, China, Grécia e Roma, tendo sido utilizado como símbolo de poder, luxo e elegância.




Podem ser fabricados de diferente materiais e técnicas como o marfim, a madrepérola, o bamboo, a seda, a tartaruga, as madeiras perfumadas, as plumas, os tecidos e os papeis pintados em litografia aquarelada.




Contêm cenas de género galante, mitológicas, paisagens, flores, locais e muitas vezes retratam momentos históricos.




A armação do leque apresenta duas partes, uma interna e outra externa e é formada de varetas, sendo que as externas tem o nome de varetas mestras, e a da frente, a principal. As varetas mestras são geralmente mais ornamentadas do que as simples, em muitas vezes apresentam as iniciais da dona do leque. No "leque indiscreto", eram colocados pequenos espelhos que permitiam as damas ver a movimentação ao seu redor, sem serem vistas. A "folha" é a parte mais decorada do leque que podia ser feita com pinturas sobre tecido, papel, pergaminho, rendas, seda, etc, sendo geralmente ornamentadas com pinturas ou bordados com lantejoulas metálicas ou mesmo com fios de ouro ou prata.




Os leques mais antigos não podiam ser fechados e eram movidos pelos escravos, para refrescar os seus amos e resguardá-los dos raios solares. O uso cerimonial de tais leques remonta ao antigo Egito, e um exemplar foi encontrado no tumúlo de Tutankhamon.

Os primeiros leques chineses conhecidos são do II século aC. Os leques faziam parte do status social do povo chinês e eram reservados para os membros da corte real, só na dinastia Han (206 aC - 220 dC) é que eles se tornaram amplamente disponíveis entre a população geral. Os leques tornaram-se tão populares que na dinastia Jin (317-420 dC), o imperador proibiu de serem feitos de seda pois a quantidade manufaturada era tão alta que a produção de seda não conseguiria manter-se.




Durante a dinastia Song, artistas famosos, foram muitas vezes contratados para pintar imagens na superfície dos leques.




Os leques eram utilizados por homens e mulheres até a dinastia Ming, altura em que passaram a ser identificados como um acessório de moda feminino. Hangzhou era o principal centro de produção de leques.

No oriente os leques são muito utilizados nas danças típicas e geralmente são feitos de bambu com folha de papel ou pergaminhos.




Foi o Japão que inventou os leques dobrados tendo estes sido posteriormente levados para a China. No Japão os leques são oferecidos em ocasiões especiais, simbolizando amizade, respeito e boa vontade e são também um suporte importante na dança japonesa.




Os samurais no Japão utilizaram leques projetados para uso em guerra. Havia vários tipos de leques de guerra variando em tamanho, materiais, forma e uso. Uma das utilizações mais significativas era como dispositivo de sinalização.




As culturas asiáticas são particularmente conhecidas pelo uso deste acessório funcional. Os leques são utilizados tanto para resfriar o rosto como elemento decorativo.

Em Chiang Mai no norte da Tailância são manufaturados lindissimos leques, que são tradicionalmente decorados com paisagens e imagens muito coloridas.




Na Grécia antiga os leques foram usados pelo menos desde oséculo IV aC, como o comprovam achados em ruínas arqueológicas e textos antigos, sendo conhecidos sob o nome rhipis.




O mais antigo leque cristão na Europa foi o flabellum (ou leque cerimonial), que data do século VI. Eram leques grandes de penas de avestruz usados nos cortejos papais.  Durante a Idade Média o seu uso desapareceu na Europa ocidental, mas continuou nas Igrejas ortodoxas orientais e etíopes.





Foram reintroduzidos na Europa durante os séculos XIII e XIV provenientes do Oriente através das Cruzadas. Porém foi apenas no século XVI, quando os portugueses trouxeram os primeiros exemplares das suas colónias da Ásia, que se iniciou de fato a moda do seu uso na Europa.




A partir do século XVII tornaram-se um complemento indispensável à vaidade feminina, tornando um acessório de moda indispensável e um símbolo de status, invadindo salões e despertando paixões.




Desde meados do século XVIII, a França foi a principal fabricante de leques e adereços de luxo. Com o desgaste ocasionado pela Revolução Francesa na produção deste tipo de produto, entram no mercado, importados pela Inglaterra, os leques orientais.




Estes eram confeccionados em charão, sândalo ou marfim e traziam geralmente estampas de caráter bucólico e cenas de vida cotidiana. Após a ascensão de Napoleão Bonaparte ao trono francês, a vida na corte toma outros rumos e a produção dos artefatos de luxo revigora-se.




Neste período os leques, bem como a moda por completo, inspiram-se nos ideais clássicos, com cenas de faunos e bacantes, e nos modelos napoleônicos.




• Madame de Stäel, uma dama da sociedade francesa, disse certa vez que “Há tantos modos de se servir de um leque que se pode distinguir, logo à primeira vista, uma princesa de uma condessa, uma marquesa de uma routurière (tipo de plebeia). Aliás, uma dama sem leque é como um nobre sem espada.”




No contexto de luxo e sedução do século XIX surge a "Linguagem do Leque". Esta era um complicado sistema de posições e gesticulações que possibilitavam as damas comunicar e flertar, muito discretamente.

Alguns exemplos da linguagem dos leques:

• Abrir todo o leque: espere por mim.
• Segurar o leque na mão direita e em frente à face: siga-me.
• Abrir todo o leque: espere por mim.
• Tocar o leque na face direita: sim.
• Tocar o leque na face esquerda: não.



A Espanha tem sido uma grande promotora de leques cheios de cor, com cenas do seu folclore, das touradas, com lindas flores, mulheres espanholas dançando as suas tipicas danças com mantilhas e com leques (abanicos).




Os leques dobráveis entraram em Espanha no século XVI. No século XVIII havia em Madrid muitos criadores conhecidos de leques, mas destacava-se o francês Eugenio Prost. Este tinha chegado a Espanha sob a proteção do conde de Floridablanca. Durante este período, Valencia foi reconhecida como o principal centro de produção de leques.




Com o passar dos séculos, os leques outrora utilizados por faraós, samurais e damas da sociedade foi caindo em desuso, mas penso que ainda tem algumas seguidoras, como eu, por exemplo, que gosto deles pela sua funcionalidade de nos arrefecer quando está calor e por serem arte em forma de elegância, charme e beleza.




Fontes e Fotos: Wikipedia; http://www.handfanmuseum.com/exhibits-chinese.html; http://www.lands-faraway.com/fans-collector.htm; http://www.asie-art-deco.com/; http://www.allhandfans.com/; outros




"A finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma." (Oscar Wilde) 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

“Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.” Johann Goethe

Obrigado pela sua visita.

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Topo